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periferias 4 | escola pública: potências e desafios

ilustração: Juliana Barbosa

É possível construir outro paradigma intelectual para entrar e sair das universidades?

As experiências dos Países Africanos de Língua oficial Portuguesa (PALOP) na era da globalização e mundialização

Filomeno Lopes

| Guiné-Bissau |

Resumo

Este artigo oferece uma breve reflexão sobre a importância de voltarmos a fazer do processo de entrada e saída de nossos espaços universitários verdadeiros "lugares epistemológicos", onde a palavra de ordem seja "Pensar para melhor agir e agir muito para melhor pensar"(Cabral), como forma para sairmos do actual dilema em que nos mergulhamos do ponto de vista epistemológico e por conseguinte antropológico: sermos um continente no qual se pensa o que não se vive e se vive o que não se pensa. Isto nos leva a sermos os eternos consumidores do que não produzimos (em termos de conhecimento e de produção económica) e produtores do que não consumimos (do ponto de visto económico e da produção do saber endógeno). Daí a importância de repensarmos a questão dos paradigmas educacionais por forma a recuperar aquela dimensão libertadora da educação elaborada por Paulo Freire e Cheikh Anta Diop, como forma de reconstruirmos o sonho da luta de libertação dos PALOP: saúde e capacitação, pressupostos para a construção da paz, progresso e felicidades dos nossos povos.

“A educação”, disse Paulo Freire, “é um acto de amor e, por isso, um acto de coragem. Não pode temer o debate. A análise da realidade. Não pode fugir à discussão criadora, sob pena de ser uma farsa”. Isto porque para Freire, “existir é um conceito dinâmico. Implica um diálogo eterno do homem com o homem. Do homem com o seu Criador. É esse diálogo permanente do homem e da mulher sobre o seu contorno e até sobre os desafios e problemas que o faz histórico” ( Freire, 2011). A história, disse Engelbert Mveng, é, de facto, o lugar do questionar permanente. Nesta perspectiva existencial que se abre à história, se descarta, desde o início, uma possível noção formal de liberdade, concebida como o modo de ser o destino do homem e da mulher, que só pode ter sentido na história que os homens e mulheres vivem no cotidiano. Deus ama, o homem luta e espera e Deus liberta: enfim a liberdade é o rosto ético da esperança de um povo. Trata-se menos de um axioma pedagógico que de um desafio da história presente. Eis então a educação como prática da liberdade e libertação, como acto e factor de cultura educativa.

Segundo um provérbio dos povos bambara do Mali, “Mamã deu luz não significa que Mama findou”. Daí a questão: porquê e o que falta? Depois do parto, responde Joseph Ki-zerbo, inicia a árdua tarefa da educação: educar ou perecer! É nestes termos que – segundo o historiador burkinabé - se põe hoje o interrogativo sobre o futuro não só da Africa, mas de todos outros povos que estiveram sob o jugo colonial. Deste ponto de vista, a educação como paradigma para a reabilitação dos jovens em África na conjuntura geopolítica mundial e internacional hodierna, deve constituir antes de mais o problema prioritário dos africanos, pois é chegado o momento de  mobilizarmo-nos vigorosamente para tomar nas próprias mãos o destino dos nossos países e do continente na sua globalidade. A educação é fundamentalmente um problema antropológico e epistemológico ao mesmo tempo. É, fundamentalmente, uma questão do saber. Ora o saber, disse Tierno Bokar, é uma luz que habita no interior de cada ser humano; é a herança de tudo aquilo que os nossos antepassados conseguiram conhecer e nos transmitiram como património que geralmente costumamos chamar Tradição e que os humanistas chamaram de “clássicos gregos e latins” ou simplesmente de “humanidades”. Isso leva-nos a compreender que o saber e, portanto, todo o tipo de educação é, antes de mais, um saber histórico. E em África, por exemplo, costuma-se dizer que tudo é história: a história das terras e das águas, a história dos vegetais, a história dos astros etc.; mas, a maior e mais sublime de todas é a história do muntu, isto é, do ser humano, sujeito e objecto do saber e, portanto, educador-educando. O saber herdado se desenvolve lá onde existem centros de iniciação, escolas, universidades e existem sobretudo jovens dispostos a receberem esta mesma formação e a colocá-la em prática

Amilicar Cabral | Ilustração: Juliana Barbosa

II

 A construção de um pensar histórico e coletivo: a experiência educacional nos PALOP

Amílcar Cabral1 Amilcar Cabral, foi politico, engenheiro agronomo, escritor e um intelectual importante para a defesa do continente africano contra defesa do continente africano contra o colonialismo. É considerado como o ideólogo da independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, então colónias portuguesas. dizia que temos de ser cada dia mais capazes de pensar muito sobre os nossos problemas para podermos agir bem e agir muito para pensarmos cada vez melhor. Trata-se por outras palavras, da impelente necessidade e obrigação que hoje temos nos PALOP2 Países Africanos de língua oficial portuguesa, quarenta anos após as independências dos nossos respectivos países, de tentar uma reflexão que seja um “pensar para melhor agir”: pensar o nosso ontem e o hoje histórico, indicando pistas para um futuro “agir comunicativo endógeno” nesta aventura perene da busca da verdade e de melhores condições de vida, de progresso, de desenvolvimento, de paz e de felicidade para os nossos países e povos. Afinal, este era o principal objectivo da luta de libertação empreendida pelos movimentos de libertação dos PALOP e que, por isso mesmo, lhes valeu o apoio incondicional do mundo político e cultural progressista e, sobretudo do Papa Paulo VI. Esse apoio foi expresso de modo concreto na histórica audiência concedida pelo Papa Montini aos líderes destes movimentos (Agostinho Neto, Amílcar Cabral e Marcelino dos Santos), no Vaticano, a 1 de Julho de 1970. Ao sair daquele encontro Cabral, que chefiou a delegação, disse: “obtivemos uma grande vitória que jamais teríamos obtido com nenhuma força das armas”. Cabral tinha percebido muito bem que aquele momento tinha ditado para sempre o fim da resistência armada e aberto novas perspectivas, novos paradigmas no processo integral da luta de libertação dos PALOP. Era a vitória da razão, da inteligência, do saber sobre a força, a ignorância e o obscurantismo característico do agir comunicativo do império colonial na altura. Era, realmente a vitória do elemento principal do paradigma libertador que, afinal desde sempre esteve na base de todo o processo da luta de libertação e que o próprio Amílcar Cabral apresentou em termos de “saúde e capacitação”: a saúde, considerada como sendo “ a maior riqueza do nosso povo” e por conseguinte a educação e a cultura como prática de capacitação do povo para se garantir uma “saúde integral” permanente e viver como povo livre e responsável do seu destino e do destino da humanidade. Tratava-se de restituir e capacitar ainda mais a “saúde global” ou integral dos nossos países povos. Daí que os elementos que faziam parte do paradigma da luta de libertação na sua integridade e que foram, a resistência política, económica, cultural, e a resistência armada, foram todos eles considerados sempre como actos e factores de cultura. Isto significa que a revolução empreendida pelos PALOP foi essencialmente um processo educativo e de educação cultural com vista a formação do homem novo capaz de viver com “saúde e capacitação” no novo contexto geopolítico mundial e internacional que o “encontro-recontro” (Aimé Césaire) entre a Europa e África implicava para os nossos países e povos. Nas sendas de Cheikh Hamidou Kane, os movimentos de libertação tinham entendido muito bem, que “a escola dos novos chegados” e por conseguinte o pensamento europeu, fruto da história e cultura europeia, era, doravante “o maior desafio para os povos dialobés (Africanos)” e que neste processo de luta que estavam a empreender, era imperioso enviar os melhores filhos, os poucos escolarizados na altura, à “escola dos novos chegados” para ali “aprenderem a mesma arte de ganhar sem terem razão” e serem depois capazes de colocar este saber ao serviço da produção da “saúde integral” dos seus países e povos. Foram assim enviados logo após as independências, tantos jovens para receberem formação em vários cantos da Europa do Leste, da África e da América Latina. Foram criados, na Guiné-Bissau, escolas Pilotos que foram autênticos lares de inculturação do processo educativo levado a cabo pelo PAIGC3Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, fundado por Amílcar Cabral em 1956 durante toda a fase da luta de libertação, nas zonas libertadas. Todo este processo educativo tinha um único objectivo: garantir a formação de homens e mulheres novos e capacitá-los de instrumentos educativos e culturais adequados para aprenderem a “pensar com a própria cabeça e a partir da própria realidade” (Cabral) as melhores condições de possibilidade para a construção efectiva da paz, do progresso, do desenvolvimento integral e da felicidade dos próprios povos como rezava o Programa da CONCP (Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas).

No quadro da exemplar luta comum empreendida, portanto, pelos PALOP, os objetivos foram claramente definidos. E, a propósito Amílcar Cabral disse claramente: “nós da CONCP, comprometemo-nos com os nossos povos, mas não lutamos simplesmente para pôr uma bandeira no nosso país e para ter um hino. Nós, da CONCP, queremos que os nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, que nos nossos países nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados; (…) não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito à tudo o que o homem construiu, criou, para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objetivo da nossa luta” (Cabral, 1977). Não atingir o objectivo da luta significava faltar aos interesses dos nossos respectivos povos. Cabral sublinha ainda com força que “se nós, amanhã, trairmos os interesses dos nossos povos” e países, certamente que “não será porque não o soubéssemos, será porque quisemos trair e não teremos então qualquer desculpa”.

Ora, quarenta e cinco anos após as independências dos PALOP, que balanço podemos fazer sobre a realização efectiva deste empenho e preocupação que constituía o principal objectivo da luta pela nossa autodeterminação como Nações e Estados livres e independentes, no concerto da grande família das nações humanas? Mas sobretudo, que balanço podemos hoje fazer acerca dos imperativos categóricos da luta: o de pensar sempre para melhor agir e agir sempre para melhor pensar; e aprender a pensar sempre com a nossa cabeça e a partir da nossa realidade histórica e cultural bem precisa, embora com o olhar e o espírito sempre aberto ao resto do mundo? Afinal, as universidades, são antes de mais, lugares de produção e aquisição do saber libertador, pois são orientados a “gerar” homens e mulheres novos; em segundo lugar, capacitá-los de instrumentos pedagógicos vitais em termos de pensamento endógeno, para o serviço da produção de saúde integral para os respectivos países e povos. Servir, países e povos ou melhor o primado do serviço ao país e ao povo é a essência da ética da educação produzida durante a luta de libertação

Nestes primeiros quarenta e cinco anos da independência dos PALOP, houve certamente uma grande massificação da educação escolar, que vai dos meados dos anos ’70 aos finais dos anos ’80 e que terminou com a era dos programas de Ajustamento estruturais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial (BM) aos quais como africanos aderimos totalmente até ao ponto de perdermos nesta batalha intercultural não somente o “chapéu, mas também a cabeça” (Ki-Zerbo) em termos de produção e aquisição do saber. Os africanos abdicaram assim de pensar com a própria cabeça e a partir da própria realidade histórica e cultural, a educação como prática de liberdade e desenvolvimento integral dos povos na era da globalização e da mundialização. Da busca de um desenvolvimento “clé em tête” (Ki-Zerbo), passamos simplesmente à educação como prática do mimetismo do pensamento euronorteocidental e desvalorizando quase tudo quanto é glocal e periférico. As universidades se transformaram assim em meros lugares de aquisição de um saber mimético e salvo poucas excepções, conseguiram transformar-se também e fundamentalmente em lugares de produção do saber, mesmo que ainda obsessivamente eurocêntrico.  Foi nesse contexto que surgiu o fenómeno da actual proliferação das universidades em muitos países africanos inclusive nos PALOP. Temos assim universidades nas quais mais de 80% do saber adquirido e ensinado é produzido fora do continente africano. É nesse contexto que acho que se deve colocar a questão de saber como e porquê entrar e sair hoje da universidade nos PALOP em particular e na África de modo geral, nesta era da globalização e da mundialização.

Intelectuais renomados como James Aggrey, Cheikh Anta Diop, Joseph Ki-zerbo, Stanislav Adotevi, Paulo Freire, Jean-Marc Ela, Aminata Traoré, Fabien Eboussi-Boulaga, Carlos Lopes, Paulin Hountondji, Ebénézer Njoh Mouelle, Théophile Obenga, Achille Mbembe, Patrícia Godinho Gomes, José Castiano, Severino Ngoenha e tantos outros intelectuais africanos e africanistas, têm reflectido sobre esta questão da educação em África, das suas aporias e particularmente das universidades africanas desde a independência Por isso, ao mesmo tempo em que aconselho vivamente à leitura dos textos destes autores, quero simplesmente, nas sendas do pensamento de Amílcar Cabral e de outros, render uma pequena e modesta homenagem à importância e ao valor do estudo e do pensamento endógeno no processo do desenvolvimento integral dos povos, entendendo neste sentido, a universidade como lugar por excelência da produção do saber endógeno, das “humanidades clássicas africanas” (Cheikh Anta Diop) nesta era da globalização e da  mundialização. Finalmente, apelar para a necessidade de garantir sempre aos jovens universitários, uma formação e espiritualidade humanista centrada na óptica de Maat e Ubuntu: isto é, a vida, esta nossa vida, são sempre os outros. A educação como percurso de aprendizagem do saber viver significa fundamentalmente abertura, atenção e serviço aos outros, especialmente aos mais carenciados. Daí que desenvolver uma espiritualidade do homem e da mulher nova, do século XXI significa desenvolver a cultura da disponibilidade (Cheikh Hamidou Kane) incondicional à primazia do serviço aos nossos países e povos, especialmente dos descartados do nosso sistema-mundo (Dussel). Estou convencido que este aspecto é o que faltou sobretudo nestes primeiros quarenta e cinco anos da vida social e política dos PALOP. A mulher e o homem novo pensado por Cabral na época da luta de libertação, nunca saiu das matas de Madina de Boé e, por conseguinte nunca conseguiu fazer parte de nenhuma das legislaturas que governaram o país nestes quarenta e cinco anos pós-independência, originando nesta perspectiva,  uma crise de consciência histórica espantosa: a de um país e povo, espelho e reflexo de uma revolução africana exemplar no mundo inteiro, para uma representação atual de um um país e um povo, exemplo clássico de pobreza antropológica e estrutural que se vive a nível continental e mundial nesta era da globalização.

Ilustração: Juliana Barbosa

III

Construindo conhecimento, deslocando paradigmas eurocêntricos e coloniais para a transformação de uma Universidade plural

Desde o início da luta de libertação foi sublinhado sempre a importância e o valor do estudo permanente para a vida dos militantes, combatentes, quadros e dirigentes dos movimentos de libertação dos PALOP. Assim, durante os seminários realizados em 1969 nas zonas libertadas da Guiné, Amílcar Cabral chamando atenção dos presentes sobre a importância daquele momento de estudo, disse: “estamos neste seminário a trabalhar e, neste momento, camaradas nossos, com vários tipos de armas na mão, atacam os colonialistas portugueses nos seus quartéis. (…) Os colonialistas têm medo da acção dos nossos combatentes, acção essa que é fundamental, e mesmo decisiva, para o avanço da luta de libertação nacional. Mas os camaradas podem estar certos de que, se alguns dos chefes dos colonialistas portugueses tivessem a oportunidade de chegar à esta sala e ver-nos sentados no seminário com a ordem de trabalhos que acabamos de aprovar, garanto-vos que ficariam ainda com mais medo do que já têm das nossas bazucas, dos canhões, das armas ligeiras e dos nossos combatentes”. (Cabral, 2014). Cabral explica a natureza e as razões desse possível espanto dos dirigentes e responsáveis colonialistas e continua: “os colonialistas portugueses sabem muito bem o que se passa. Podem ser teimosos, mas não são estúpidos” (quem não sabe, ignorante). Ora, podíamos perguntar, o que é que eles sabem e que os próprios combatentes, a grande maioria do próprio povo bissauguineense e caboverdiano, privados do processo de educação na era colonial, não sabiam? “Sabem, disse Cabral, que os combatentes e as armas podem ganhar uma guerra, mas que só isso não garante a libertação de um povo. Na verdade, o uso das armas para ganhar a guerra e mesmo para o progresso de um povo é possível, mas o que é decisivo é o homem! O que vale é a consciência do homem! Os colonialistas portugueses sabem que quanto maior for a nossa consciência, quanto mais claramente cada um de nós souber o que queremos, de onde viemos e para onde vamos, mais difícil para eles será continuar a dominar o nosso povo. E para nós, será mais fácil ou menos difícil ganhar a guerra de libertação nacional e garantir uma vida de trabalho, dignidade e justiça ao nosso povo” (Idem, p. 25), principal objectivo da própria revolução protagonizada pelos movimentos de libertação dos PALOP. Os chefes dos colonialistas portugueses não só sabiam, mas, tinham também consciência de tudo isso, pois, aprenderam-no na escola, possuíam por conseguinte um saber que era ao mesmo tempo produtor de consciência do valor da “arma da teoria”  isto é, do valor e da força propulsora do pensamento na vida dos povos. Parafraseando Jean-Marc Ela, diria que a luta, a guerra, a liberdade e libertação, o desenvolvimento, a educação, a cultura humana etc., é antes de mais o que se passa na cabeça e no coração dos homens e das mulheres de cada época da humanidade. Para dominar um povo era necessário produzir um saber, um pensamento e incuti-lo no espirito dos dominados e continuar assiduamente no estudo da vida das sociedades dos dominados. Por isso mesmo os chefes colonialistas conheciam muito bem a força e a importância, a grandeza e o valor inestimável da “arma da teoria” na vida de um povo. Eles sabiam muito bem, sublinha Amílcar Cabral, “que o valor de um homem ou de uma mulher mede-se pelo conjunto das ideias, pela força das ideias que têm na cabeça” e protegem ciosamente no íntimo da caverna dos seus corações e das suas mentes. Sabiam, portanto, que um seminário, uma escola superior, uma universidade, etc., era para o seu sistema colonial, uma garantia de complicações pois, iria “reforçar o conhecimento que os próprios africanos estavam a seguir e a procurar na sua longa marcha para a liberdade, onde estavam e para onde iam”. Mas sobretudo, acrescenta Cabral, “além de ficarmos a conhecer melhor a situação concreta da luta, a situação do nosso povo, a nossa situação na África e no Mundo e a situação do inimigo, o seminário – e portanto o saber, a educação, a escola, a universidade -  vai reforçar cada vez mais na cabeça, no espírito dos camaradas, a sua decisão de dar a vida pela causa do nosso país e do nosso povo. “Isso, disse ainda Amílcar, é uma coisa que pode meter medo aos colonialistas portugueses”.

Mas para Amílcar Cabral, há uma coisa ainda mais importante em tudo isso e que pode servir, acho eu, de exemplo para qualquer estudante universitário: “os colonialistas ficariam ainda mais amedrontados se pudessem observar a seriedade com que decorre este seminário, a determinação no rosto dos camaradas, a vontade claramente expressa em cada um de compreender para servir ainda melhor”: seriedade, determinação e perene busca de compreensão nos estudos e prontidão para servir! Eis então que nas sendas de Cabral, faço também votos para que a entrada e a saída dos nossos jovens universitários nas diversas universidades dos PALOP, possa ser sempre encarada como “um acontecimento que marca um dado estádio da evolução da vossa vida e da vida dos nossos povos e países, do avanço, da mesma luta de liberdade e libertação iniciada há vários séculos pelos nossos povos desde a luta contra a escravatura e tráfico negreiro; luta essa herdada pelos movimentos de libertação dos PALOP e que triunfou, em parte, com a proclamação da independência dos nossos países e povos. Que todos sejam capazes de tirar o máximo proveito do ingresso nas universidades, porque tal como naqueles tempos também hoje a entrada na universidade deve constituir uma necessidade de luta para os nossos países e povos. O estudo permanece, de facto, o aspecto mais decisivo na nossa luta para realizar a libertação, a paz, a reconciliação, o progresso e a felicidade dos nossos povos. Daí a necessidade de estudarem cada dia mais com seriedade e determinação os documentos, os livros, tudo quanto a universidade e os professores forem capazes de colocar à disposição; procurar melhorar sempre a própria capacidade de leitura do ambiente e do mundo que nos circunda, mas sobretudo de melhorar a humanidade que é em cada um de nós, melhorar constantemente o ser homem e mulher que habita cada um de nós por forma a saírem das universidades antes de mais, como homens e mulheres novos, homens e mulheres íntegros, capazes de consentir ao nosso continente africano de ser realmente o continente do século XXI

Tal como exorta Cabral, um militante e, por conseguinte, um universitário que quer servir o seu país e o seu povo, deve ter sempre tempo para estudar. Evitar por isso de perder tempo em conversas fúteis, no diz-que-diz africano, nas fofocas, na brincadeira de mau gosto, na “boa-vai ela” universitária etc. Cada um faça sempre o esforço para se aperfeiçoar cada dia mais em tudo quanto de útil faz ou entende fazer. Como ensina Amílcar Cabral, uma coisa é certa: se um povo quer avançar, os seus filhos e filhas, os militantes dos seus partidos, os responsáveis e dirigentes, os governantes etc., devem, eles próprios, ser capazes de avançar cada dia mais. Pois são cada dias maiores as exigências da luta, que não acabou quando corremos com os traficantes humanos da época da escravatura e tráfico Negreiro e os colonialistas, nem quando tomamos completamente as nossas terras. Pelo contrário é a partir de então que a luta começou no duro para o progresso e a felicidade do nosso povo. Gente como nós, alunos e professores, não pode nunca parar de aprender cada dia que passa, pois cada vez as exigências são maiores. Este é, portanto, nas sendas de Cabral, os votos que faço à todos: “aprendamos na prática da vida, aprendamos na teoria, aprendamos com a experiência dos outros povos. Mas nunca cessemos de aprender”. Isso, adverte Cabral, é muito importante para garantirmos instrumentos suficientes para contribuirmos de forma eficaz na difícil tarefa para a qual as universidades nos preparam: a tarefa de contribuir para o triunfo da vida sobre a morte nos nossos respectivos países

Quando saírem das universidades, cada um terá certamente conquistado um caminho na sua vida e terá a certeza de que “se não sair desse caminho, pode ir até onde a sua capacidade o levar. Ninguém retrairá mais o seu passo”. Quem entrou nas universidades já conquistou, de facto, os seus direitos de homem e mulher com dignidade. Só depende agora da sua vontade de avançar ou ficar para trás. Ao saírem da universidade, “cada homem ou mulher terá o seu destino na palma da mão” (Cabral). Poderá levantá-lo bem alto e mostrar-se um valoroso/a filho/a dos nossos países e povos nos PALOP, para melhor servir os nossos países e povos. “Mas poderá também pegar o seu destino e dar-lhe um pontapé como qualquer menino a jogar uma bola”. Cada um terá o caminho aberto para avançar, para um lado ou para o outro, conforme a sua consciência, conforme o seu trabalho. “Poderá escolher ser um canalha ou, poderá ser homem e mulher de valor” (Idem). Mas não esqueçamos nunca que tal como no passado a nossa luta para o triunfo da vida sobre a morte nos PALOP e em África em geral, tem que ser fruto do nosso trabalho em conjunto: aprendamos por isso a trabalhar em equipe, de forma interdisciplinar e intercultural. A cultura, de facto, é uma força, “une force séminale” que sobrevive sempre aos eventos da história, pela simples razão que ela não nasce nunca no mesmo terreno das potências que a ameaçam. Dito isto, façamos tesouro do ensinamento do provérbio que diz que “não se mede nunca a profundidade de um rio com os próprios pés”. O rio que estamos tentando atravessar com a nossa entrada na universidade é muito profundo; não se trata simplesmente de tentar atravessar o rio da dívida económica dos PALOP, que não deixa de ser, apenas um mero sintoma dum mal mais profundo pelo que  passam os nossos países e povos, o nosso continente africano na sua globalidade. Nesta travessia, para evitar a possibilidade de perder o rumo, sejamos capazes de guardar os nossos pés endógenos bem fincados na nossa Terra-Mãe. Mas antes de nos engajarmos nessa aventura sejamos capazes de traduzir na prática o ensinamento do provérbio que nos adverte sobre um princípio importante: “atravessem o rio em massa e não tereis nada a temer sobre o crocodilo”. Os PALOP deram prova ao mundo que só unidos (CONCP) é que se vence integralmente

Sim, o desenvolvimento endógeno que almejamos para os nossos países e povos e que constitui a principal razão da entrada e saída da universidade, será unitário ou simplesmente jamais será. Aprendam, portanto, a partir do vosso tempo de estudantes universitários a trabalhar em conjunto, no diálogo interdisciplinar, intercultural e sobretudo, também, interperiférico (Lopes, 1997).

Apraz-me pensar que a universidade que cada um e cada uma escolhe, é simplesmente uma garrafa que vão ter que lançar ao mar; ela não é, de certo, o oceano do mar líquido, que imagino fica tão distante da vossa universidade; mas é sim, o oceano do tempo que têm a partir de agora, a necessidade e a obrigação de assumir mas também de ultrapassar no dia da vossa saída desta universidade, marcando diferença onde quer que estejais a viver e a trabalhar para o triunfo da vida sobre a morte nos PALOP, no resto do continente africano e do mundo fora em geral. Pois, como ensina um provérbio, “é necessário sempre escavar os poços de hoje para a sede de amanhã”. Quando de facto, a tartaruga sai do seu ninho, sabe muito bem que o seu destino é o oceano e não a terra árida na qual se encontra. Mas esta terra árida permanece o único percurso que tem que transitar se quer chegar ao seu destino que é o oceano. Que a universidade da qual cada um e cada uma escolheu frequentar seja então ocasião de trânsito na aprendizagem do saber viver integral como homens e mulheres livres e responsáveis, orgulhosos da África do século XXI.

Paulo Freire | Ilustração: Juliana Barbosa

IV

Reflexões sobre o paradigma de educação como ato e fator de cultura educativa integral

Um provérbio do povo Igbo da Nigéria diz que “quem não sabe onde é que a chuva o molhou, também não sabe que parte do seu corpo deve ser enxugado”. A tarefa de um humanista, de um filósofo da educação e de um pedagogista, é precisamente dizer à sua gente e ao mundo “onde é que a chuva os molhou” e, por isso, que parte do seu corpo precisa ser enxugado. Foi o que fez o grande pedagogo Paulo Freire e tantos outros como resposta efectiva de restituição de dignidade humana aos povos oprimidos do mundo, de modo particular da América Latina, dos PALOP, convocando-os a pôr-se de pé e a retomar a sua esperança e serem capazes de viver plenamente como qualquer homem e mulher que se preze neste nosso mundo

Ora, cada geração, disse Frantz Fanon, deve, numa relativa opacidade, ser capaz de descobrir a sua missão, cumpri-la ou traí-la. Podemos então perguntar, qual é a nossa missão hoje de “humanistas”, quer dizer, pessoas doctas, de cultura, professores e professoras, chamados a transmitir um saber capaz de “produzir” homens e mulheres íntegros e autênticos responsáveis pelos outros, mais carenciados, mais necessitados, mais indigentes neste nosso mundo marcado pelo zelo do egoísmo e da indiferença civilizada? Qual é a nossa missão hoje enquanto professores e professoras, isto é, mediadores entre a verdade e os estudantes, uma vez individuado “que parte do nosso corpo” e do corpo da nossa sociedade e do mundo em geral em que vivemos hoje, mas sobretudo que parte do corpo da juventude hodierna “a chuva molhou” e que precisa ser enxugada com os “clássicos humanistas” por forma a fazer dos PALOP e do continente africano, o continente do século XXI em termos de desenvolvimento integral dos respectivos povos? Somos capazes hoje em dia, porém, de produzir um pensamento científico “pés-no-chão” sobre a educação, após Freire, capaz de responder à este mesmo desafio, tendo em conta a grande variedade cultural dos povos que habitam seja os PALOP seja também o continente africano na sua globalidade e numa perspectiva menos eurocêntrica como é até hoje o pensamento que se produz “a partir” dos PALOP em geral

Parafraseando Fanon, pode-se afirmar que “se a nossa tarefa de educadores, professores, doctos, cultos etc., é de transformar os PALOP ou a África, numa nova Europa, tanto vale então continuar a atribuir a Europa, o destino da educação da nossa juventude e dos nossos povos. Pois, melhor do que nós, os europeus estão mais preparados epistemologicamente e culturalmente a construir o paradigma “Europa” para nós nos PALOP. Mas se ao pensarmos o processo educativo em termos de humanismo, queremos com isso fazer avançar a humanidade, então, como disse Fanon, precisamos “mudar pele”, inventar um novo pensamento humanista panafricano “pés-no-chao”

De fato, é quase unânime a ideia de que a crise por que passam hoje os países da África desde o período pós-independência a esta parte e que explica a razão do mimetismo absoluto praticado a nível político, cultural e económico e educacional, é precisamente devido a crise ou melhor até a ausência dum pensamento endógeno que na continuidade histórica importante, seja porém capaz de ser uma resposta aos problemas com que estamos hoje confrontados na conjuntura geopolítica mundial e internacional hodierna

Uma resposta a esta questão crucial para o tema da educação deve ter presente também a exortação de Cheikh Anta Diop, o pai da noção da Renascença Africana, quando diz que até quando nos nossos países, nós continuaremos a reflectir e a analisar os nossos mundos (passado, presente e futuro), permanecendo prisioneiros do paradigma euronorteocidental, nós jamais conheceremos a verdadeira exaltação da nossa liberdade e libertação tão almejada. Isto porque, mesmo se todos nós enquanto seres humanos somos dotados de inteligência e por isso capazes de produzir novas ideias sobre a nossa humanidade, há, porém, sempre um elemento que nos diferencia nas ideias que produzimos sobre o mundo e sobre nós mesmos: é o paradigma intelectual (Lopes, 2016). E por paradigma Diop entende um quadro psicológico de reflexão composta por um conjunto de valores espirituais, culturais e filosóficos que estão por detrás de um ideal filosófico resultante dos mitos históricos que indivíduos pertencentes à um determinado povo utilizam para procurar apreender o próprio mundo. Quer dizer que é sempre impossível analisar um problema ou apreender o próprio mundo sem um quadro de referência intelectual, isto é, o sistema referencial de ideias que se utilizam para procurar ler e entender uma determinada realidade ou problema como pode ser a questão do desenvolvimento e da educação como prática do desenvolvimento humano ou do humanismo integral; a educação como acto e factor de cultura. O paradigma diz, portanto, respeito ao conjunto de ideias, práticas, de regras, de valores culturais e metodológicos que se utilizam como modelos ou como guia, consciente ou inconscientemente, quando analisamos um determinado problema e, portanto, mesmo quando falamos de nós mesmos aos outros. Este conjunto de regras, resulta quase sempre como fruto da influência cultural e dos valores de uma determinada sociedade e diz respeito a nossa educação, formação, os nossos preconceitos, valores, intenções, desejos, aspirações, a nossa consciência etc

Ora, de que modo, com base a qual critérios e paradigmas os PALOP, a África de hoje fala de educação, do desenvolvimento, do humanismo? Com que critérios e paradigmas comunicamos hoje nós mesmos aos outros nesta conjuntura internacional e mundial da era da globalização, sobretudo em matéria de educação? Que paradigmas educativos utilizamos hoje na educação das crianças e dos jovens que sejam capazes de lhes consentir de conhecer-se melhor, compreender a nossa história e a história da humanidade na sua globalidade, interpretar a nossa realidade, condição e situação específica de africanos e de PALOP? Quais são as ideias que orientam o nosso pensamento quando falamos do sistema de educação da juventude? A que juízos estéticos e de valores estão submetidas a nossa reflexão, o nosso ser e agir comunicativo dentro e fora do continente africano? Podemos hoje iniciar um discurso sobre a educação como prática do humanismo integral olhando antes de mais para um discurso interno à África e aos PALOP e sermos capazes de nos colocar fora dos grandes clichés e dos chavões postos a circular e em comércio pelas grandes agências internacionais do mundo euronorteocidental sobre essa mesma matéria? Podemos iniciar um discurso sobre este tema que não seja uma mera réplica ou então uma reacção à uma exigência externa de agências internacionais especializadas, dos mídias ou dos Estados euronorteocidentais? Somos capazes de formular um juiz de valor histórico, moral, ético, político, económico, cultural e geopolítico sobre o tema da educação, do humanismo e do desenvolvimento e sobre o mundo em geral que não seja uma mera réplica mimética de segunda ou terceira ordem de apelo da comunidade internacional na matéria? Enfim, como podemos sair hoje dessa prisão no qual se encontram encerrados os países africanos, que consiste em pensar perenemente o que não vivemos efectivamente e viver o que não pensamos e que nos transforma em perenes consumidores do que não produzimos e produtores daquilo que não consumimos, porque perenes consumidores de paradigmas educativos que não produzimos e produtores de paradigmas educacionais e do saber que não consumimos, com todas a litanias de morte que isso continua a produzir no nosso mundo? Quem nos obriga hoje a permanecermos radicados nestes paradigmas? Como sair desse círculo vicioso e sermos capazes de propor outro paradigma educacional que tenha em consideração a realidade cultural em que vivemos enquanto sujeitos activos da própria história e historicidade mas também da historicidade humana global? Enfim, que paradigma de educação como acto e factor de cultura educativa integral para os nossos tempos

Qualquer que seja as respostas que queremos dar a estes quesitos, o importante é recordar que em matéria de educação e de produção do saber, não podemos prescindir, como adverte Amílcar Cabral, da difícil tarefa de pensar sempre com a “nossa própria cabeça e com os pés bem fincados no chão”, a partir do nosso contexto histórico, cultural,  a partir da nossa realidade e condições de africanos e de PALOP radicados num mundo global mais vasto que porém espera de nós o que somente nós podemos dar como resposta aos milhares de problemas com que se defronta a humanidade hodierna. A globalização no fundo é a resposta e solução a problemas locais com um possível impacto mundial. Então qual é esse contributo específico que queremos levar hoje ao “apontamento do dar e do receber” (Senghor) mundial em matéria de educação como prática de humanismo e desenvolvimento integral dos povos e de atenção aos descartados do sistema-mundo que possa servir de exemplo para o resto mundo?

 

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Filomeno Lopes | Guiné-Bissau |

É originário da Guiné-Bissau; é Jornalista da Rádio Vaticano; Doutor em Filosofia e Ciências de Comunicação Social e Licenciado em Teologia Fundamental pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Entre as mais recentes obras: E Se a África desaparecesse do Mapa Mundo?, Uma reflexão filosófica (2009); Da mediocridade à excelência. Reflexões filosóficas de um imigrante africano (2015); Melodramática: os Palop, entre a filosofia e a crise de consciência histórica (2019).

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