litafrika: encontros artísticos
por Zukiswa Wanner
junho de 2023
Oito cenas da literatura africana contemporânea: a curadora Zukiswa Wanner promove encontros entre novelas atuais e performance, música ou artes visuais. A exposição atravessa fronteiras nacionais e linguísticas para jogar luz sobre uma geração de escritores/as em conexão, internacionalmente ativas/os
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“A exposição litafrika: encontros artísticos inclui autores e autoras, musicistas, atores e atrizes, e artistas visuais dos mais talentosos da minha geração, da África anglófona, francófona e lusófona. Os países representados na exposição somam apenas 25% das nações africanas, mas eu, enquanto panafricanista, escolho desconsiderar as fronteiras e dedicar meu foco ao modo como nossas histórias, sonoridade, expressões e arte aqui vistas ecoarão pelo segundo maior continente do mundo.”
Zukiswa Wanner responde à primeira parte da série de exposições “litafrika” (2022–2024) com oito textos em prosa. Em continuidade às “Poetries of a Continent” (2022), ela enfatiza romances em vez de poemas, pontos focais em vez de abundância – e sobretudo a diversidade das histórias de jovens autores e autoras, em vez dos clássicos pós-coloniais: com que assuntos se defrontam as figuras da literatura contemporânea? Como artistas interpretarão as passagens escolhidas?
Para “Encontros Artísticos”, criaram-se parcerias que transferem a literatura para a música, a performance e as artes visuais, e ao mesmo tempo aprofundam o diálogo entre regiões linguísticas por meio da tradução de textos. A exposição foi pensada também para ser vista pelo continente africano.
“De alguns, vocês terão ouvido falar. Outros, espero que os encante conhecer nesta exposição.”
Ishmael Beah (Serra Leoa): Alvorada do amanhã (2014)
x Shaffik Manzi (Ruanda): artista visual
Virgília Ferrão (Moçambique): Os Nossos Feitiços (2022)
x Ana Pinheiro (São Tomé e Príncipe): atriz
Abubakar Adam Ibrahim (Nigéria): Estação das flores carmesim (2015)
x Maimouna Jallow (Gâmbia): atriz
Angela Makholwa (África do Sul): Critico, mas estável (2021)
x Michael Soi (Quênia): artista visual
Jennifer Nansubuga Makumbi (Uganda): A primeira mulher (2020)
x Ntombephi Ntobela (África do Sul): artista visual
Yara Nakahanda Monteiro (Angola): Essa dama bate bué (2018)
x Zubz the Last Letter (Zâmbia): musicista
Fiston Mwanza Mujila (RD Congo): Tram 83 (2014)
x Prudence Katomeni (Zimbábue): musicista
Ondjaki (Angola): Os transparentes (2012)
x Seeretse (Botswana): musicista
Zukiswa Wanner (Zâmbia) é escritora e mediadora literária. Vive entre a África do Sul e o Quênia. Wanner já publicou contos, romances e livros infantis, e esteve na lista “Africa39” de 2014; em 2020, recebeu a Medalha Goethe por seus serviços em prol do intercâmbio cultural internacional.
Strauhof e a Litar Foundation dedicam a trilogia de exposições “litafrika” (2022–2024) a literaturas do continente africano. A primeira exposição, “Poetries of a Continent”, baseada na antologia “Afrika im Gedicht” (Zurich 2015) do mediador literário suíço Al Imfeld, apresenta uma seleção de poemas exemplares em inglês, francês, português e árabe, dos clássicos pós-coloniais à cena atual do slam e da oralidade. A exposição teve a curadoria de Christa Baumberger e Rémi Jaccard. Zukiswa Wanner escreveu o conceito de “Encontros Artísticos” após visitar a exposição “Poetries of a Continent”. A terceira parte do projeto (2024) segue em desenvolvimento.
A Pro Helvetia apoia a “litafrika” em toda a sua duração, por meio do programa “To-gather”. Este veículo de financiamento facilita novas colaborações intercontinentais e o estabelecimento de canais duradouros. O objetivo é tornar o intercâmbio cultural mais equânime e sustentável, bem como testar novas formas de colaboração.
A revista literária brasileira Periferias, que colaborou com a curadora pela primeira vez durante o isolamento social, em uma parceria para o Afrolit Sans Frontieres, e desde então multiplicou essas colaborações, foi generosa em concordar com mais esta parceria e publicar estes textos online.
Nesta publicação, há trechos que autores, autoras e a curadora extraíram dos romances selecionados, que foram interpretados pelos e pelas demais artistas não literários. Emboram não sejam, de modo algum, um resumo dos oito romances selecionados para o projeto, permitem vislumbrar o estilo literário de cada autora e autor, bem como experimentar elementos presentes no resto do livro. Os textos foram organizados em ordem alfabética do nome do autor/a e na ordem do idioma de sua primeira publicação. Onde a primeira publicação foi lançada em português, as traduções em francês e inglês serão incluídas, homenageando assim também as tradutoras, vezes demais omitidas. Sandra Tamele (Moçambique) e Renee Edwige Dro (Costa do Marfim) traduziram os textos que já não tinham versão em português e francês, respectivamente, a partir do inglês.
As traduções para o espanhol foram generosamente realizadas pelo Laboratório de Tradução da Unila – Foz do Iguaçu.
Boa leitura!