Acesso a direitos nas migrações Sul-Sul
setembro | 2023

co-editores
Jailson de Souza e Silva | Brasil
Louis Herns |  Haiti | EUA
Toni Cela | Haiti | EUA
Heaven Crawley | UK | Itália | EUA
Daniel Martins | Rodolfo Teixeira Alves | editores executivos | Brasil

 

O tema da migração — seja no âmbito do deslocamento Sul-Norte ou Sul-Sul — nos coloca diante de uma série de questões complexas, que tendem a se tornar conflitivas: desafios (e oportunidades) a partir de uma crescente diversidade  identitária, étnica, nacional, religiosa e linguística; intolerâncias diversas; racismo e xenofobia; questões relacionadas à integração cultural e econômica do migrante no país de destino; as representações sobre os sujeitos migrantes e seus países de origem; as formas de reparação ao país de origem pela perda de população com maior grau de qualificação educacional e profissional, entre outras. 

Tradicionalmente, a perspectiva hegemônica que sustenta a leitura das temáticas assinaladas se baseia em referências produzidas nos países centrais do ponto de vista econômico e tecnológico — o “Norte”, para além da questão geográfica. Isso ocorre mesmo quando estamos falando de pesquisadores/as e centros de estudos oriundos dos países periféricos, visto a forte dominância de uma perspectiva “eurocentrada” em seu processo formativo e perspectivas de análise.

Desse modo, os países periféricos e seus sujeitos são tratados a partir de uma perspectiva reducionista e estigmatizadora, visto que o “modelo”, por excelência, de sociedade e país tem como referência os países mais ricos e dominantes politicamente. 

Um típico exemplo se revela quando o processo assinalado é pensado a partir dos conceitos de atração e repulsão em relação aos países de origem e de destino das pessoas que migram. Como esses conceitos são trabalhados, em geral, de forma estanque e dicotômica, fica invisibilizada a dinâmica relacional que caracteriza a mobilidade migratória. Com efeito, o território de origem não tem apenas elementos de repulsão — e por isso o/a migrante faz questão, quase sempre, de manter os vínculos com ele e tenta, em certa medida, transmutá-lo para o território de destino, além de realizar outras práticas voltadas para se manter “presente na ausência”. Por outro lado, os territórios ditos de atração têm um conjunto de situações que criam constrangimentos e limites para a devida inserção social da pessoa migrante. Logo, as premissas reducionistas que sustentam as noções de repulsão e atração terminam por gerar a invisibilidade da complexidade das relações entre os/as migrantes e os territórios nos quais tecem sua mobilidade. 

Diante do exemplo, e há muitos, é urgente a construção de novos conceitos, paradigmas, estudos e vivências sobre o fenômeno migratório, em particular o que ocorre entre os países do Sul Global. 

Periferias destaca a importância de considerar igualdade, desenvolvimento e acesso a direitos como fundamental para a população migrante. Destacamos, também, a relevância de pautar as trajetórias e perspectivas de quem migra, dando protagonismo aos sujeitos desse processo e atenção às sutilezas e subjetividades que as experiências promovem. 

Como sempre, não temos como foco a questão da denúncia, embora reconheçamos sua relevância em certos aspectos. De fato, a principal abordagem que a Periferias busca pautar é a visibilização de experiências que apontem alternativas para os desafios que caracterizam a migração Sul-Sul nos campos da igualdade, do desenvolvimento e de acesso aos direitos.

Assim, convidamos pessoas, coletivos e instituições dedicadas a trabalhar com o tema migratório a contribuírem com a construção da Periferias 9. Com as contribuições das diversas formas de expressão das narrativas dos migrantes (depoimento, fotografia, literatura e poesia, artes visuais e vídeo), além de pesquisa acadêmica a partir do Sul Global (em ensaios e artigos) será possível lançarmos novas perspectivas de apreensão do fenômeno da migração e da potência dos sujeitos que migram e suas habilidades para criarem soluções para os problemas que enfrentam — sem perder a dimensão do complexo contexto político, econômico, ambiental e social no qual se inserem. 

Que possamos ampliar o olhar sobre a migração, uma das questões mais urgentes de serem visibilizadas e enfrentadas no mundo atual.  

 

Sobre o MIDEQ

O Centro de Migração, Desigualdade e Desenvolvimento do Sul-Sul (MIDEQ) é um projeto de pesquisa de cinco anos financiado pelo UK Research and Innovation (UKRI), por meio do Global Challenges Research Fund (GCRF), e conduzido pela Universidade de Coventry. O MIDEQ  elabora sobre as relações complexas e multidimensionais entre migração e desigualdade no contexto do Sul Global. O MIDEQ busca transformar a compreensão atual e futura dessas relações descentralizando a produção de conhecimento sobre a migração e suas consequências do Norte Global para os países onde a maioria das migrações ocorre. Com base na experiência e conhecimento de nossos parceiros em 12 países, o MIDEQ constrói um entendimento baseado em evidências das relações entre migração, desigualdade e desenvolvimento. 

Nosso objetivo final é desconstruir pressuposições dominantes a respeito dos motivos pelos quais as pessoas migram e as consequências da migração, aprofundando conhecimento e compreensões sobre as relações entre a migração, desigualdade e desenvolvimento no Sul-Sul. Nós fazemos isso ao constituir no Sul Global estrutura de pesquisa em migração capaz de desafiar narrativas dominantes e de traduzir o conhecimento adquirido em políticas e práticas concretas que melhorem a vida dos migrantes, suas famílias e as comunidades em que vivem. Saiba mais em www.mideq.org

 

orientação editorial

Periferias tem em seu eixo a manifestação e valorização da Potência das Periferias. Propostas de colaboração submetidas devem considerar e atender a esse princípio. Para saber mais, leia em:  Carta da Maré, Manifesto das Periferias e "O Paradigma da Potência e a Pedagogia da Convivência." 

Ressaltamos que o conceito de Periferia é  compreendido em sua forma expandida, extrapolando o recorte urbano  e  compreendendo realidades periféricas não-hegemônicas. Assim, também considera periferia: os territórios e as populações indígenas, quilombolas, minorias religiosas e étnicas, pessoas ciganas, questões étnico-raciais, de gênero e LGBTQ+ , e do refúgio e migração, em contexto ampliado das Periferias Globais.

proposições & contribuições

Contribuições devem ser submetidas para revista@imja.org.br até 31 de maio de 2023Periferias recebe propostas de contribuição em Criolo Haitiano, Português, Inglês, Espanhol e Francês, atendendo as especificidades solicitadas em cada categoria editorial.

Recebemos propostas de conteúdos já publicados, no máximo, uma vez em outra plataforma de publicação.

  • artigo com até 2.500 palavras, exceto bibliografia.
  • conto com até 2.000 palavras.
  • depoimento com até 2.500 palavras.
  • ensaio fotográfico autoral sobre o tema, considerando a orientação editorial Revista Periferias, contendo até 10 fotografias, com texto introdutório.
  • artes visuais Produção imagética autoral ou sobre trabalho artístico autoral — tira, charge, história em quadrinhos, grafite, pintura, gravura, xilogravura, intervenções artísticas, intervenções em espaços ou demais expressões —, acompanhada de texto introdutório. Imagens devem ser enviadas em baixa resolução para apreciação. Em caso de aprovação, pediremos especificações técnicas para fins de publicação.

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Editor

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Periferias 4

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periferias 5 e 6

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periferias 7

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Editor executivo

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Editor executivo

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Diretor financeiro

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Coordenadora de comunicação

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Tradutor

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Tradutora e revisora

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Tradutora

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Tradutora

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Ilustradora

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Diretor de fotografia

in memoriam (1951-2021)

Edmund Ruge

Tradutor e revisor

Periferias 1,2,3,4 e 5


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Tradução

Alessandro Saggini
Ana Clara Fank
Ana Luisa Izetti
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Analía Yeruti Galván López
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