Agricultor do milho rukweza | Canções da floresta
Tawona ganyamatopè sitholè
| Namíbia |
agosto de 2023
traduzido por Jackson Schmiedek
Agricultor do milho rukweza, o milho miúdo
Vakuru vakati
[os mais velhos perguntaram]
Pasi kare makunguo aidyei?
[sem o campo do agricultor os corvos comem o quê?]
Aqui
com a honra de desperdiçar o tempo
Eu agora tenho uma escolha
de desperdiçar reservar ou brincar com o tempo
exatas 1hora e 15 minutos
Tomei o tom preciso sem precisar do tempo
um retorno à savana da imaginação
Na espera, o agricultor do milho rukweza se senta
protegendo a colheita do milho precioso
protegendo contra os corvos makunguo
intrusos de asas sabotadores na colheita desse milho precioso
Mas o provérbio shumo pergunta
Pasi kare makunguo aidyei?
[os corvos no passado comiam o quê?]
Vakuru vakati
[os mais velhos disseram]
Kurodza demo hakutambisi nguva
[afiar o machado não é perder tempo]
Silêncio não é perder tempo
é a preparação da fala
Ficar tranquilo não é perder tempo
é a preparação da ação
O milho rukweza balança com o vento
ainda que confinado às fronteiras do campo do agricultor
O sol beija o milho rukweza
mas não foi o carinho do vento que trouxe o milho aqui
Aqui
o milho rukweza não se desenvolve
Aqui
a linguagem não cresce forte
é detida por conjugações temporais
é confinada por fronteiras do campo do agricultor,
o campo bem cuidado da gramática
Mas o provérbio shumo permanece
Pasichigare!
[a existência da natureza não precisa do tempo!]
Ancestrais não estão no passado presente ou futuro
ancestrais são sem fronteiras
na savana da imaginação
na contação de histórias
nas melodias do mbira
O milho rukweza não é domesticado pela safra
Aqui o rukweza se desenvolve
aqui, na
Pasichigare.
[A existência da natureza não precisa do tempo.]
Canções da floresta
O esforço dos viajantes
da origem ao destino
é como o de um passarinho
que voa a floresta
em uma paisagem familiar
ou sem saber o caminho
um passarinho
sibila a floresta
cansado e com fome
preocupado e com sede
um passarinho
entrega para a floresta
verdades diferentes
em luta pelo seu nome,
o passarinho,
rei na floresta
um médium conectando
mundos a outros mundos
um passarinho,
dança a floresta
Desde os primórdios dos tempos
viajantes sabem bem,
que um passarinho
canta a floresta
escrito e apresentado para a
Conferência Associação Internacional para o Estudo da Migração Forçada
(IASFM), julho de 2021
Tawona Sitholè | NAMÍBIA |
Mais conhecido como ganyamatopé dzapasi tawona, ele é um educador e pesquisador inspirado no conhecimento dos ancestrais. É pesquisador associado no MIDEQ.