Ensaios Fotográficos

periferias 5 | saúde pública, ambiental e democrática

foto: Igor Freitas

Aproximações sensíveis do distanciamento social em favelas

Imagens do Povo | Observatório de Favelas

Bira Carvalho | Brenda Maria | Natalia Perdomo | Igor Freitas | Renato Errejota

| Brasil |

agosto de 2020

É trágica a situação que vivemos em todo o mundo decorrente da  pandemia e da inescrupulosidade e perversidade de supostos governantes. 

Que o diga o Brasil, pois, assim como em outros países, o coronavírus continua ceifando vidas em sua progressão acelerada de contaminação, favorecida pela política genocida que exerce seu governo federal, sempre indiferente e a cada vez mais vil contra favelas, quilombos, aldeias e as populações que habitam esses territórios.

Se as atividades  essenciais para a cidade são realizadas por pessoas residentes em favelas e periferias – da limpeza urbana ao transporte público; das entregas de alimentos e bens ao atendimento em supermercados; das farmácias aos hospitais e tantas outras – são esses os trabalhadores e as trabalhadoras que fazem a cidade existir no seu cotidiano e, com efeito e  como é sabido, as pessoas mais expostas ao contágio da Covid-19. 


É evidente que Ficar em casa como medida de proteção ao contágio e como forma de evitar a exaustão de atendimentos hospitalares especializados simplesmente não é algo possível para todos, sobretudo para os moradores de territórios populares. 

Afinal, se para tantas pessoas abrir mão de trabalhar é algo irrealizável, aos que ficam, qual seria o sentido de ficar em casa quando a própria rua e sua dinâmica de sociabilidade é extensão inalienável do sentido de  moradia de favelas e periferias?


Fique dentro de casa para territórios  populares é, sempre que possível, um ato que certamente exige muita amorosidade, solidariedade e generosidade para cuidar e proteger a família, amigos e vizinhos e o próprio território periférico, cujos laços de reciprocidade foram sempre historicamente tão presentes.

A luta antirracista, em que se considere as genocidas políticas contra o povo negro que habita favelas e periferias Brasil afora – há muito combatidas pelos movimentos negros –  apenas reafirmam a urgência de combater  o racismo estrutural –  crise de saúde pública mundial muito anterior à própria atual pandemia.


Este ensaio, organizado por Bira Carvalho, fotógrafo carioca e Mareense, reúne as fotógrafas Brenda Maria, Natalia Perdomo, Igor Freitas, Renato Errejota. 

Nossas fotografias mostram que o distanciamento, embora árduo como posso ser, precisa ser  feito de aproximações.


 

Bira Carvalho | Maré, Rio de Janeiro, Brasil |

[em memória] Coordenador do projeto Imagens do Povo, é fotógrafo formado pela Escola de Fotógrafos Populares e “rueiro”; gosta mesmo é de parar na Rua principal da Nova Holanda, e é desta vivência que saem inspirações para fotografar as ruas da Nova Holanda. É formado em áudio e vídeo pela Escola de Comunicação Crítica, é formado ainda em mediação de conflito pela fundação Getúlio Vargas. Morador da Nova Holanda por quase 50 anos, Bira foi uma grande liderança comunitária no Conjunto de Favelas da Maré. Sua participação na revista Periferias foi decisiva, desde a primeira edição, como diretor de fotografia. 

 

@bira_carvalho_

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